terça-feira, 12 de julho de 2016

Carta aberta aos "Avecs" Ressabiados...

Queridos “Avecs” Ressabiados…

É triste! A vossa atitude é verdadeiramente triste e reveladora da vossa essência pequenina e mesquinha, mas crente que é imponente e majestosa!
Napoleão morreu há séculos, mas deixou como herança esse complexo napoleónico da invencibilidade de que padecem muitos franceses… (Não todos… Graças a Deus!)
Mas deixem que vos relembre, que nem Napoleão foi invencível  - já sei… faltaram à lição de História sobre a Batalha de Waterloo -  nem vocês são invencíveis como provaram ao mundo os “petit portugais”! E reparem que somos “petit” e “dégoûtant”, mas foi o que nos bastou para vos derrotar… na vossa própria casa.

Mas calma… O facto de vocês não serem invencíveis não é a única lição que aqui os “petit portugais” vos podem ensinar… também vos podemos ensinar a lidar com os “quase lá” e com a sensação horrível que é “perder em casa”!
É que caso não tenham reparado, a História do Futebol Português, não está marcada por grandes vitórias e conquistas de títulos. Muito pelo contrário… As derrotas e desilusões foram tantas, que todos falam (ou falavam) no “triste Fado Português” de morrer sempre na praia… De facto, se olharem bem para o percurso da nossa Selecção conseguem facilmente perceber que este está recheado de troféus nos campeonatos do “bolas pá… estivemos quase lá”, “Foi quase”…  e quando pensávamos que “ É desta!” os Deuses gregos tramara-nos as voltas na nossa própria casa.

Por isso, mais do que ninguém, nós os  “Petit Portugais”, sabemos o que é perder… sabemos o que é perder um Campeonato em casa… sabemos o que é ficar com o sabor amargo da derrota na boca, por dias e dias… ou melhor… anos e anos.
Tal como vocês, também  nós em 2004, estávamos profundamente convencidos que o Campeonato Europeu era nosso… também nós tínhamos tudo pronto para festejar, aquele que deveria ter sido o nosso primeiro titulo Europeu.
Não havia uma janela, uma varanda, um carro que não estivesse “decorado” com a nossa bandeira… as ruas de Portugal vibravam com a festa do Futebol…
Estávamos em casa… éramos os anfitriões… tínhamos feito um Campeonato de loucos… e estávamos pela primeira vez na final… frente aos Gregos, que supostamente eram uma equipa mais fraca… A vitória era a cereja no topo do bolo para que o Euro 2004 fosse o Campeonato Perfeito para os Portugueses…  ela estava ali… mesmo à nossa frente… só faltava um “bocadinho assim” para o sonho tonar-se real…
Muitos de nós, incluindo eu, deixaram-se levar pelo entusiasmo e esqueceram um pequeno grande pormenor… Para festejar um titulo, primeiro há que vencer a final… e foi o que nos faltou!
Vencemos tudo… menos a final!
Perdemos frente aos Gregos, e custou-nos horrores… Uma derrota que demorou mais do que muito para assimilar e digerir! Ficámos com o grito “Campeões…!” atravessado na garganta por muito tempo… Por 12 anos para ser mais precisa!
Se foi uma vitória justa?… Para nós, Portugueses, obviamente que não! Para os Gregos, foi mais do que merecida.
Mas apesar de nos sentirmos injustiçados, apesar da nossa tristeza e desilusão, vestimos a camisola do “fairplay”… Os gregos celebraram a vitória nas nossas ruas… não se apagaram as luzes dos monumentos… não houve gás lacrimogéneo nem canhões de água para “dispersar” os adeptos gregos que apenas celebravam uma vitória do seu país…
Apesar de sentirmos que deveríamos ter sido nós os vencedores, não caímos no ridículo de assinar uma “petição” para repetir o jogo. Repetir para quê? Para provar aos Mundo e a nós próprios que somos maiores e melhores que tudo e todos? Não meus caros… Nós não precisamos de provar nada a ninguém porque na verdade nós não somos nem mais nem menos  do que ninguém… não somos nem mais nem menos que os Gregos… eles tinham tanto direito à vitória como nós!
Demos os parabéns aos Gregos, por muito que nos custasse… aceitámos a derrota e seguimos em frente. Há mais campeonatos, e certamente a nossa oportunidade de celebrar irá surgir.

E surgiu…
O Euro 2016 acabou por se tornar na oportunidade com que os Portugueses sonhavam há muito…
Durante todo o Campeonato fomos bombardeados com provocações e faltas de respeito por parte dos franceses… não éramos bons… éramos nojentos… não merecíamos passar a fase de grupos… os quartos de final… as meias finais… e muito menos estar na final…
A falta de respeito dos franceses para com a Selecção Portuguesa e para com os Portugueses, provou-se nas ruas de Paris, quando poucas horas antes do apito final, já circulava nas ruas o autocarro para transportar os Novos Campeões Europeus… que, espantem-se lá, destinava-se à Selecção Francesa.
Todos nós sabemos que este tipo de celebrações necessitam de algum tempo de preparação, e que um autocarro decorado a preceito não se consegue com um estalar de dedos… mas um pouco de contenção e descrição não vos tinha ficado nada mal!
Tal como nós em 2004, também vocês agora esqueceram-se de um pequeno grande pormenor… para celebrar uma vitória, primeiro há que vencer.
Mas estavam tão convictos da vossa superioridade e da vossa Vitória, que nem se preocuparam em ser “politicamente correctos”… afinal, já nos tinham faltado ao respeito tanta vezes, o que custava continuar a desrespeitar?
Este desrespeito voltou a manifestar-se em campo… não só no relvado como nas bancadas…
“Há que aniquilar o Cristiano Ronaldo!” disse o seleccionador francês… afinal, a Selecção Portuguesa é “dégoûtant” e basta eliminar o melhor jogador  da equipa para garantir a Vitória… Estavam tão convictos que os restantes jogadores de Portugal não valiam nada, que aniquilar o Cristiano Ronaldo tornou-se no primeiro grande objectivo de toda a equipa francesa… e foi o que conseguiram numa jogada nojenta protagonizada por Payet…

Mas heis que surgiu em campo algo que vocês, franceses napoleónicos, desconhecem, e que por isso mesmo não conseguem reconhecer…
Perdemos o nosso maior “guerreiro no campo de batalha”… Mas  vocês do topo da vossa arrogância altiva, já deviam saber que o futebol não é um jogo individual… é um jogo de Equipa!
E esta, foi mais uma lição que os “Petit Portugais” vos deram em pleno campo do Stade de France em Saint-Denis…
Quando Cristiano Ronaldo abandonou o relvado em lágrimas, os vossos olhos brilharam de orgulho… “É nossa! A vitória é nossa!” era o que se podia ler em todos os rostos franceses…
Mas este, que foi o vosso maior orgulho, revelou-se também a vossa maior desgraça… mal sabiam vocês que a vossa jogada nojenta de aniquilar o nosso Capitão, acabou por se tornar a nossa maior motivação.
Enquanto vocês riram das lágrimas de Cristiano Ronaldo, os Portugueses uniram-se em torno delas…
Todos os jogadores Portugueses, um por um, uniram-se como nunca e provaram  a tudo e a todos, que não precisamos de jogar futebol espectáculo para vencer… não precisamos de ter o maior astro em campo para vencer… precisamos de união… de determinação… de humildade… de Equipa!
E foi por isto que os “Petit Portugais”, de futebol “Dégoûtant” vos derrotaram em campo… porque fomos TODOS uma EQUIPA movida por uma enorme e grandiosa vontade de VENCER! 

Não importa se fomos a melhor ou a pior equipa em Campeonato… não importa se marcámos 5 ou 20 golos… não importa se conseguimos “x” derrotas, “x” empates, ou “x” vitórias…

O que importa é que fomos “A” Equipa que conseguiu “A” maior Vitória do Campeonato… E deixem-me que vos diga… com todo o MÉRITO!

E Vitórias assim não se conquistam com “football dégoûtant”… conquistam-se com esforço, com união, com determinação, com convicção, com humildade… e acima de tudo com Espírito de Equipa e Fairplay!

Por isso, deixem lá de lado esse complexo napoleónico… desçam à terra… e aceitem que o Futebol é mesmo assim… umas vezes ganhasse… outras vezes perdesse.
O que importa é celebrar a festa do Futebol em casa…nas ruas… nos estádios…no nosso país ou no país deles... com todos os adeptos, os nossos…os vossos… os deles.… Adeptos que em vez de serem movidos por arrogância e sentimentos de superioridade,  se movam pela alegria, pelo convívio e pela União. 
Mas acima de tudo, adeptos movidos  pelo espírito de “Fairplay”!

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